Desde a sua constituição, na Roma antiga, o parlamento se tornou algo emblemático, mancando a história da democracia e do regime republicano pelo mundo. A separação dos poderes, teoria política desenvolvida por Charles Montesquieu, no livro O Espírito das Leis, foi uma das maiores contribuições para a moderação do Estado, dividindo-o em três esferas, como conhecemos hoje.
As idéias iluministas, influenciadas pela Revolução Francesa, que também constituíram a base e a formação da política americana e das nações modernas, notabilizaram ainda mais a importância do parlamento.
Assim como a imprensa, considerada simbolicamente como o quarto poder, o Legislativo, em que pese todos os seus “pecados” e distorções, teve um papel fundamental para fincar as bases da democracia contemporânea e conter o ímpeto do Executivo. Este, por sua natureza, é autocrático, tutelador e quase sempre corruptor.
De imediato, quero pedir desculpas à legislatura passada. Eu a considerava a pior de todos os tempos. Fui precipitado. A pior legislatura de todos os tempos é a atual. Para defender essa assertiva, não preciso recorrer às verves e aos conteúdos de deputados como João Tezza, Said Filho, Luiz Saraiva, Alberto Zaire, Sérgio Taboada, João Correia, Félix Bestene, Edmundo Pinto e outros bons tribunos, mas ao caráter e à conduta dos atuais parlamentares.
Às exceções dos deputados Major Rocha, Antônia Sales e Eduardo Farias, os demais envergonham as cadeiras que sentam. Brevemente posso explicar os porquês: se alto-protegem formando uma blindagem; usufruírem de todas as benesses (a maioria imoral) como o erário; mente e fogem dos aliados que os fizeram chagar lá; e são omissos com os debates e reais problemas que afligem o povo acreano.
Por falar em debate, alguns deputados, amiúde, propõem que se estabelecem consensos na hora das votações. Meus filhos, “tolinhos”, o próprio Regimento Interno da Casa foi concebido para garantir as diferenças. Sabem por quê? Porque a divergência e a sua co-irmã, a democracia, são as essências e as almas do parlamento.
Outros “ingênuos”, quando raramente fazem críticas, querem embuti-las com soluções. Ora bolas, se vocês não fazem nem o papel de deputado, querem dar pitacos nas funções do Executivo. Então se candidatem a governador ou a prefeito? Ou como é o caso de alguns, afastem-se da Assembléia Legislativa e assumam cargos no Executivo.
Eu poderia enumerar dezenas de argumentos para dizer o tanto que os senhores são ruis. Infelizmente, este espaço é pequeno. Eu, como um simples escriba, contribuo com meu Estado bem mais que vocês. Aos que gostam de atacar os profissionais da imprensa, vai aí um recado: não pensem que vocês vão passar por essa legislatura incólumes.
PS: o pobre do título é apenas uma metáfora
Artigo
Tribuna do Juruá – Jorge Natal